DIVERSOS

Procure o selo de qualidade sindical
Por Paul Wallich
Scientific American – August 98 News and Analysis

Novas análises de dados econômicos demonstram que a sindicalização pode maximizar a produtividade.

Depois de aproximadamente um século de administração sindical de guerra nos Estados Unidos, uma série de pesquisas nacionais aparecem com surpresa, demonstrando que os sindicatos dominam o ranking dos lugares mais produtivos do pais. De fato, de acordo com Lisa M. Lynch da Universidade de Tufts e Sandra E. Black, do Banco Central de Nova Iorque, e ainda de acordo com o darwinismo econômico delas duas: a sobrevivência através das gerações dos melhores homens de negócios pode estar fazendo o que legiões de organizadores não foram capazes: por um fim aos patrões autocráticos e locais de trabalhos excessivamente regulamentados.

A indústria americana tem tentado reinventar-se por mais de 20 anos. Os gurus da administração tem proclamado as teorias x, y e z, para não mencionar os círculos de qualidade, qualidade total e administração de elevada produção. Somente nos últimos anos, entretanto, dados sólidos tem sido disponibilizados para averiguar quais teorias funcionam e quais não. Empresas nem sempre respondem às pesquisas e tentativas anteriores para levantar dados têm obtido índices de resposta inferior a 6%, tornando os resultados não representativos. Este não é o caso da pesquisa do empregador da força de trabalho nacional do Censo Americano de Qualidade Educacional. Pesquisa, levada a efeito inicialmente em 1994, coletando dados de práticas de negócios de uma amostra representativa de mais de 1500 locais de trabalho.

Lynch e Black correlacionaram os dados da pesquisa com outras estatísticas que detalham a produtividade de cada negócio na amostra. Elas tomaram como estabelecimento tipo uma companhia onde os empregados eram não sindicalizados, com participação nos lucros limitada e sem procedimentos de qualidade total e outros métodos formais de gestão de qualidade. (Firmas onde os empregados são sindicalizados constituem cerca de 20% da amostra, consistentemente com o universo americano).

A média de nível de produtividade de empresas cujos empregados são sindicalizados é 16% superior ao nível da empresa tipo, enquanto que as empresas onde os empregados não sindicalizados apresentaram um nível médio 11% inferior. Uma razão: a maioria dos sindicatos adotaram programa formais de qualidade, nos quais até 50% dos trabalhadores fazem reuniões regulares para discutir temas relacionados com o trabalho. Além disso, trabalhadores da produção nestes estabelecimentos participam nos lucros da empresa e mais de 25% fazem seu trabalho em equipes auto-geridas. Produtividade nestas empresas foram 20% superiores à da empresa tipo. A pequena minoria de empresas com trabalhadores sindicalizados, ainda seguindo a linha do confronto registraram produtividade 15% inferior à da empresa tipo, o que é pior inclusive que a média da empresas com trabalhadores não sindicalizados.

Seriam estes ganhos de produtividade o resultado da aplicação de técnicas de alta-perfomance, ao invés do fato de estas empresas possuírem trabalhadores sindicalizados? Não, dizem Lynch e Black. Adoção dos mesmos métodos em estabelecimentos com trabalhadores não sindicalizados apresentaram um incremento de produtividade de apenas 10% em relação à empresa tipo. Segundo Lynch os ganhos dobrados apresentados pelas empresas com trabalhadores sindicalizados pode resultar do maior interesse que os trabalhadores sindicalizados têm pelo seu local de trabalho: eles podem aceitar ou mesmo propor grandes mudanças nas práticas de trabalho sem se preocupar em perderem seu emprego fazendo isto. (Lynch relata a história oposta de uma companhia com tecnologia de ponta que pagou a seus empregados de limpeza um pequeno bônus para sugerirem uma medida simples para acelerar a limpeza noturna do escritório e um terço deles foi demitido).

Mesmo se um sindicato não pode garantir estabilidade de emprego, ela diz, capacitam os trabalhadores para negociar em condições de relativa igualdade. Especialmente nas fábricas, ressalta Lynch, as empresas com trabalhadores sindicalizados demonstram tendência para a um menor turnover. Consequentemente, eles também colhem mais benefícios de treinamentos in-company específicos.

Estes ganhos de produtividade documentados colocam uma luz diferente no declínio de trabalhadores sindicalizados pelos Estados Unidos afora. Estão os empregadores atuando contra seus próprios interesses quando bloqueiam a sindicalização de seus empregados?

Lynch acredita que uma pesquisa de monitoramento, com análise inicial elaborada neste inverno, pode ajudar a responder esta e outras questões. Economistas serão capazes de averiguar como várias das empresas anteriormente amostradas que tem administração tradicional de relações de trabalho, trabalharam para permanecer no negócio e em que medida a mania de ‘reengenharia da corporação’ dos últimos anos tem compensado.

A maior parte dos esforços sérios de reengenharia – aqueles que não são apenas ‘downsizing’ com outro nome – levaram a comprometimento incrementado do trabalhador, argumenta Lynch, somente porque o processo requer que se descubra como as pessoas realmente fazem seu trabalho. Armado com esse conhecimento – e com o desejo de cooperar de seus empregados – empresas podem ainda ser capazes de reverter a tendência de queda da produtividade.

MUDANÇAS NA PRODUTIVIDADE DO TRABALHO

Empregados Sindicalizados – são os mais eficientes trabalhadores se integram o sistema de alta-produtividade, que inclui programas de gestão de qualidade, participação nos lucros e discussões regulares de trabalho.